Uma notícia de outro mundo, como pode suspeitar alguns, chamou bastante atenção nos grandes portais de notícias nos últimos dias.
Trata-se da aparição de objetos voadores não identificados, os famosos ovnis, nos Estados Unidos, Canadá, China e Uruguai. As forças militares desses países identificaram objetos voadores sobrevoando seus territórios, sem descobrirem, até o presente momento, o que são exatamente esses objetos.
É claro que esse evento instigou a imaginação de muita gente, que trilhando a fronteira entre o ceticismo e a razão pode estar se perguntando: “E se realmente forem extraterrestres?”.
Esse tipo de pergunta remonta uma sugestão heterodoxa de Paul Krugman, realizada no contexto de um debate, lá no já longínquo ano de 2011, em que uma invasão alienígena seria positiva para a economia, por servir como estímulo fiscal. Nas palavras de Krugman:
“It’s very hard to get inflation in a depressed economy. But if you had a program of government spending plus an expansionary policy by the Fed, you could get that. So, if you think about using all of these things together, you could accomplish a great deal.
“If we discovered that space aliens were planning to attack and we needed a massive buildup to counter the space alien threat and really inflation and budget deficits took secondary place to that, this slump would be over in 18 months. And then if we discovered, oops, we made a mistake, there aren’t any aliens, we’d be better”.
Obviamente, Krugman apenas lançou uma metáfora inteligente – quer você concorde ou não com o conteúdo econômico da ideia – como forma de comprovar o seu ponto de vista: a importância de oferecer estímulos fiscais no momento em que uma economia está em depressão, desconsiderando o impacto de um possível aumento da inflação.
Seja como for, considerando a inspiração atual, que literalmente apareceu no céu, junto com a metáfora de Krugman: o que aconteceria com a economia brasileira no caso do Brasil realmente ser atacado por aliens?
A coisa mais previsível de ocorrer é o investimento astronômico, através de inúmeros decretos do poder executivo, em armamento e infra estrutura de base, pois a suposição envolve um comportamento hostil dos aliens, com a ocorrência de um ataque totalmente inesperado. Logo, torna-se necessário desenvolver todo um aparato de defesa, com armamento, portos, aeroportos, hospitais e entre outros, para resistir às investidas extraterrestres.
Como consequência, é bem provável que, pelo menos no curto prazo, a taxa de desemprego seja reduzida a níveis históricos, com a economia operando em pleno emprego. Isso se deve a mão de obra demandada (recrutada) para a execução de atividades essenciais e estratégicas.
Por diferentes razões, nem todas as pessoas terão condições de oferecer a sua mão de obra, o que leva a necessidade de se oferecer algum tipo de auxílio, principalmente para a população mais desassistida. Durante o conflito, diferentes programas sociais teriam que ser desenvolvidos, a exemplo de um salário médio mensal para as pessoas em desalento.
Além da importância de sobreviver ao “ataque de aliens”, essas medidas certamente manteriam a economia aquecida durante o conflito. Para isso acontecer, diferentes ações teriam que ser colocadas em prática por parte do governo. Aumento da emissão de títulos públicos, aumento de impostos, tomada de empréstimos com instituições internacionais e maior emissão de moeda são as medidas mais comuns.
Entretanto, pode-se abrir discussão quanto às consequências, principalmente no médio e longo prazo, dessas políticas. Já que, nesse cenário, a produção seria muito pressionada, gerando um rápido aumento do nível geral de preços, a famosa inflação.
Discordando da excêntrica metáfora de Krugman, a inflação, no caso do Brasil, é uma variável que precisa ser considerada e até mesmo temida. Afinal de contas, ao longo de quase toda a sua história, o Brasil conviveu com elevadas taxas de inflação. Um nível de inflação civilizado só foi atingido na base de muito esforço, exigindo grande vigilância até hoje.
No caso do Brasil, uma “invasão alienígena” – muita atenção para as aspas – iria demandar o máximo de políticas econômicas emergenciais, incluindo as já anteriormente citadas. Mas para o contexto da economia brasileira, isso representaria uma necessidade extrema e, ao contrário da argumentação de Krugman, não uma oportunidade.