Voto em Marina Silva por ela representar uma quebra no padrão político recente do Brasil, de coalizões formadas pela manutenção do poder àqueles que o ocupam com objetivos escusos. A eleição da candidata à presidência pela Rede-PV, significaria um salto institucional a partir da superação das fraturas geradas pela polarização insuflada pela classe política desde 2013, quando se viu pela primeira vez ameaçada. Uma presidente como Marina Silva, reuniria os melhores aspectos do PT e do PSDB, com a preocupação social aliada à responsabilidade econômica, refletidas na equipe econômica da candidata, indo de Ricardo Paes de Barros, cofundador do Bolsa Família, à André Lara Resende, cofundador do Plano Real – de modo que em seu programa está a defesa de diversos pontos essenciais para a retomada do crescimento, como a abertura comercial, municipalização dos tributos e fim dos subsídios, como para a proteção social, como o apoio federal aos planos municipais de saneamento básico e educação infantil. Sua equipe, de fato, é uma das mais qualificadas de todas as candidaturas – e não apenas no aspecto econômico. Seu programa de segurança, por exemplo, tem tido grandes contribuições do Instituto Igarapé, um dos maiores think tanks brasileiros de segurança pública, dirigido atualmente por Ilona Szabó. Tal como em 2010 e 2014, nessas eleições Marina recorreu a grandes nomes e instituições da sociedade civil para construir seu plano de voo caso chegue à Presidência. Marina Silva não rejeita alianças nem coalizões, mas repudia aquelas feitas na base da corrupção e caixa 2, que nos levaram à atual situação revelada pela Lava Jato – operação esta cujo apoio da candidata é repetidamente reiterado. Sua história política foi marcada pelo diálogo com diferentes frentes. Mesmo eleita Senadora pelo PT – a mais jovem da história – no período mais intransigente do partido (95-02), Marina aprovou projetos construindo apoios do PSDB ao PV, sendo reconhecida internacionalmente a partir daí por seu trabalho pelo meio ambiente. Por não se antagonizar a priori a nenhum grupo político, terá a capacidade de reunir de fato os melhores, sem a necessidade de ficar refém daqueles que reúnem o atraso (o qual FHC já afirmou ser trabalho do presidente de gerenciar). Por ter experiência no legislativo e no executivo, como Ministra do Meio Ambiente, pelo qual foi responsável pela gestão mais consagrada até hoje na história da pasta, Marina terá a capacidade de articular de forma republicana os projetos e reformas de maior interesse ao Brasil. E, para além da própria figura de Marina Silva, a candidata ainda escolheu como seu vice Eduardo Jorge, uma figura pública de grande respeito pelo seu histórico como deputado federal, mas também como secretário de saúde e meio ambiente, tendo começado sua carreira também pelo PT, mas se filiando posteriormente ao PV e participando de governos do PSDB em São Paulo. Sua trajetória, tal qual a de Marina, é marcada pelo diálogo e pela defesa de seus valores, além de provavelmente ser o candidato a vice mais progressista dessas eleições – pelo que ficou conhecido quando se candidatou à Presidência em 2014, tendo ganhado grande respeito por sua campanha barata e mobilizadora. Por isso, Marina reúne em si, as melhores características para um governo de transição que poderá repaginar nossa história política. Tendo ética com a coisa pública, visão econômica correta, preocupação com os mais pobres e uma visão sustentável para o país, Marina Silva é hoje o meu voto para Presidente da República e Eduardo Jorge para vice.
Daniel Vasconcellos Archer Duque Graduado em economia pelo Instituto de Economia da UFRJ e mestrando pela mesma instituição. Atualmente trabalha com pesquisa sobre mobilidade social, desigualdade e educação.