Eu voto na Vera, porque acho que eleição não muda nada em nossas vidas. Parece contraditório? Não, pois o que o programa da candidata Vera e o PSTU apresentam, não é um rol de promessas como todas as outras candidaturas, que prometem um mar de rosas agora na campanha e, uma vez eleitos, fazem a mesma coisa, atacam nossos direitos, com medidas antipopulares como privatizações e cortes de direitos. Mas o que a Vera propõe, é a organização da classe trabalhadora para que, junto com os setores mais pobres e marginalizados, façam uma rebelião, derrubem esse sistema e tomem o poder em suas mãos. A Vera é uma mulher negra nascida em Pernambuco, filha de trabalhadores pobres, e que teve seu primeiro emprego ainda na adolescência. Operária em uma indústria de calçados em Sergipe, ela começou a militar no PT e na CUT, saindo do partido junto com a Convergência Socialista, sendo expulsa por apoiar o Fora Collor, e posteriormente indo fundar o PSTU. Ela nunca abandonou o programa das lutas e do socialismo. Mantendo uma atuação coerente de defesa da classe trabalhadora e da construção de uma Revolução Socialista. Esteve no campo à esquerda do PT durante os governos de Dilma e Lula, enfrentando as medidas que atacavam os trabalhadores e denunciando as alianças espúrias. Enquanto grande parte do movimento sindical e popular, estavam completamente alinhados na defesa destes governos. A Vera não quer assumir a gestão do Estado capitalista, o que Marx definiu como a administração dos negócios comuns da burguesia. Mas construir um outro tipo de Governo. Um ponto fundamental é a construção de Conselhos Populares, como instâncias reais de governo para a participação direta da população. Esses Conselhos, vinculados aos locais de moradia, trabalho e estudo – segue o modelo dos sovietes na Rússia – e administrariam 100% do orçamento, detendo na prática o poder político. No plano econômico, nós temos hoje dois grandes projetos que se enfrentam nessas eleições: o neoliberalismo privatista que tem dado a tônica desde a redemocratização, e o modelo dito “nacional-desenvolvimentista”, que se aproxima muito do neoliberalismo privatista, só que favorecendo grandes empresas nacionais. Vera denuncia que nenhum destes dois projetos serve para o nosso país. O que temos visto no Brasil até então, é uma política de privatização, em que o Estado entra com os investimentos produtivos e financia a venda, para que instituições privadas assumam o controle do que foi construído com o dinheiro dos nossos impostos. E isso com apoio de Fundos de Previdência dos funcionários de empresas públicas e créditos a baixo custo de bancos estatais. Tudo funcionando junto a grandes esquemas de corrupção. Outro pilar das políticas econômicas vigentes no país, são as isenções fiscais, que pela Lei Orçamentária aprovada para 2019 deve atingir o patamar de R$ 306 bilhões de reais, o que é mais do que o dobro dos R$ 139 bilhões de déficit das contas públicas. A justificativa para essa política é o argumento de que fortalece o mercado, tornando as empresas beneficiadas mais competitivas e gera emprego. Entretanto, esse processo não assegura nenhuma contrapartida real, como a estabilidade dos trabalhadores e a manutenção dos postos de trabalho. Vera vai na contramão dos projetos que se apresentam para o país. Se coloca frontalmente contra a proposta de Reforma da Previdência e pela revogação da Reforma Trabalhista, defendendo a garantia de emprego e a redução da jornada de trabalho. Propõe um programa de Obras Públicas, como forma de gerar emprego e renda, atendendo as necessidades sociais da população. Questiona a Lei de Responsabilidade Fiscal e a PEC dos Gastos Públicos, que impedem investimentos e avançam na construção de um Estado Mínimo. Mais de 40% do orçamento da União é destinado ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública. Sufocando o Estado, que se torna assim uma máquina de transferência de recursos públicos para o sistema financeiro. Pagar a dívida, para a maioria dos políticos, se tornou uma questão moral. Vera questiona isso, e coloca como essencial a suspensão do pagamento da dívida, para que o país volte a crescer. Mas também é preciso enfrentar a corrupção e mudar as empresas públicas. Vera defende a democracia operária como modelo de gestão. As empresas e os órgãos do Estado, devem ser administrados pelos seus próprios funcionários, com cargos de gestão escolhidos a partir de eleição direta pelos trabalhadores. As diretrizes para administração, ficam a cargo dos Conselhos Populares, ou seja, da participação direta da população. Estatização das 100 maiores empresas, Reforma Agrária radical, Estatização do Sistema Financeiro e Reestatização das empresas que foram privatizadas, são medidas propostas pela Vera. Estas medidas não serão implantadas por uma medida provisória ou aprovadas no Congresso Nacional. São propostas para uma REBELIÃO popular. O programa da Vera é um programa para que a classe trabalhadora e o povo pobre governe, e para isso acontecer, os operários precisam se insurgir e tomar o poder em suas mãos. Rodrigo da Silva*
Tem 33 anos, é bancário e milita no movimento sindical há mais de dez anos.