Que me desculpe o lucro, mas o assunto de hoje é o Valor 

A globalização chegou e se estabeleceu, disso não há a menor dúvida. O mundo está “muito menor” do que parecia anteriormente, e essa modificação pode trazer padrões diferenciados, uma vez que propicia mais jogadores para um mesmo campo, ou como alguns gostam, mais agentes no mesmo mercado.

Essa modificação também atingiu as corporações, que devido a globalização, veem-se diante de um novo cenário, no qual práticas consagradas anteriormente para sanar determinados problemas já não alcançam mais o resultado outrora alcançado. Assim, cada vez mais um novo estilo de gestão tem se consolidado, tornando-se alvo de estudos no Brasil, me refiro a Gestão Baseada em Valor (GBV).

Já é um consenso entre os especialistas que o objetivo da administração financeira é a criação de riqueza (valor), e que a orientação que rege as decisões financeiras básicas das organizações é perseguir o objetivo principal de maximização da riqueza de seus proprietários.

Só um momento, deixa eu te explicar o que seria a criação de riqueza (valor)…

Imagina você como um investidor de determinada empresa. Suponha que para deixar seu dinheiro ali aplicado, você exigisse determinado retorno da empresa. Mas esta empresa hipotética, para realizar suas atividades operacionais, possui outros investidores, financiamentos e até mesmo outras fontes de capital.

Essa empresa irá criar valor ou riqueza “quando o retorno dos investimentos for maior que a remuneração exigida pelos fornecedores de capital”, ou seja, ela alcançou um retorno tal, que “pagou” o preço pelo capital que utilizou e ainda sobrou. Em outras palavras, ela criou riqueza.

Nesta abordagem baseada em valor, aspectos como expectativas de ganhos futuros entram no jogo, e são uma das fontes para clarear a mente quando ouvimos notícias de que empresas de garagem ou startups foram negociadas por valores altíssimos. A explicação para essa proporção muitas vezes não está no passado daquela empresa, e sim na expectativa de ganhos futuros ou na expectativa do valor que aquela empresa pode criar.

Uma vez que essa abordagem que leva em consideração o valor, utiliza do custo do fornecimento capital/recurso, poderíamos inserir neste diálogo introdutório, mais um conceito muito importante no campo financeiro: o risco.

Vamos retomar o exemplo de você como investidor (e sem citar iremos passar por uma teoria clássica das finanças modernas). Imaginemos você com duas empresas possíveis de investir, ou seja, duas opções de investimento, desconsiderando demais questões para facilitar, a única diferença entre as empresas está em que a empresa A tem um risco muito maior do que a empresa B.

Desconsiderando as demais questões, para fins didáticos, se a empresa B já fornece um mesmo retorno com um risco menor, então você não seria atraído a investir na empresa A, a menos que A fornecesse um retorno maior, ou seja, um retorno que valesse a pena correr esse risco. Esse pensamento fundamenta o que chamamos de custo de oportunidade.

E já adianto, essa relação de analisar o risco para a tomada de decisão acontece a todo momento no mercado financeiro, e fica visível quando utilizada a ótica de Valor, para observar as corporações.

Partindo dessa realidade, o valor torna-se o indicador que possui maior significância para as organizações, pois ele coloca na mesma receita certos ingredientes, como: risco, expectativa de ganhos futuros, custo do capital e custo de oportunidade. Esses ingredientes são cruciais na análise de um bom investimento, ou seja, para decidir onde é melhor investir.

É por isso que a Gestão Baseada em Valor é um conceito muito importante para as finanças, e que auxilia enormemente no entendimento de como funcionam os investimentos. Vale a pena estudá-lo!

 

Ricardo de Souza

É pós-graduado em finanças e Autor do livro de educação Financeira “Diálogo de Valor”. Instagram: @rsouzaadm.

 

Terraço Econômico

O seu portal de economia e política!
Yogh - Especialistas em WordPress