República Bolsonariana do Brasil

Vinha dizendo, que Bolsonaro era o grande favorito para vencer as eleições no Brasil. Durante a campanha fui várias vezes perguntado se ia mudar a previsão. Não mudei. O sentimento majoritário no eleitorado, essa maioria silenciosa que apenas se manifesta nas urnas, era claro: oposição, não apenas ao governo, como ao sistema.

Dito e feito: Bolsonaro fez 46% de votos válidos. Seu partido, o nanico PSL , elegeu a segunda maior bancada da Câmara, com 51 deputados e mais 4 senadores. A onda Bolsonaro ainda impulsionou candidatos a governador em diversos estados do país. Bolsonaro teve votação acima da média tucana em São Paulo e no Nordeste. Venceu no Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Os partidos grandes componentes do governo Temer, PSDB e MDB, minguaram. Elegeram cerca de 30 deputados cada e viram suas bancadas no Senado cair drasticamente. Dramática a situação do PSDB, que foi incapaz de construir uma narrativa política além do anti-petismo e foi atropelado pelo trator Bolsonaro, e teve alguns pedaços arrancados pelo neófito Partido Novo, o qual desponta como favorito para levar um governo dado como certo para os tucanos: Minas Gerais, além de terem elegido uma bancada de 8 deputados federais, e terminado a eleição presidencial em quinto lugar, à frente de Marina Silva e Alvaro Dias.


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Maior bancada da Câmara e levando Haddad ao segundo turno, o PT desponta como liderança da oposição no provável governo Bolsonaro. A grande força petista ainda se encontra no Nordeste, visto que sumiu no Senado e governos estaduais de outras regiões. Viu quadros históricos, como Dilma Rousseff e Eduardo Suplicy serem humilhantemente derrotados na disputa pelo Senado. Ainda assim, sobrevive e mantém a hegemonia sobre o campo da esquerda no Brasil, hoje encolhido.

A operação Lava Jato também colheu uma importante vitória hoje, ao ver alvos das investigações sendo derrotados, chegando a votações pífias. Alguns foram se esconder na Câmara, como Gleisi Hoffman e Aécio Neves. Outros bravos conseguiram sobreviver, como Renan Calheiros e Ciro Nogueira. Mas aumentou a lista daqueles que não terão foro privilegiado a partir de janeiro de 2019.

Para o segundo turno, a campanha será tensa, porém o vento sopra muito forte na direção da direita. Dificilmente Jair Bolsonaro deixará de ser eleito, e em condição inédita: tendo um Congresso afinado com seu programa. Ao PT e Haddad, cabe tentar reverter um ambiente político em 21 dias. Se conseguirem a proeza, lidar com um Congresso que não lhes será nada simpático. O forte desejo de mudança, fortalecido pelo combate à corrupção, somado ao temor de uma possível “República Bolivariana do Brasil” em um eventual novo governo petista, criaram a República Bolsonariana do Brasil.

Victor Oliveira Mestrando em Instituições, Organizações e Trabalho (DEP-UFSCar).   
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