Escrevi neste mesmo Terraço, em fevereiro de 2019, uma dura crítica à deputada federal Tabata Amaral. O título era “A nova cara da política velha” e no texto argumentei ver na parlamentar sinais de que, apesar da defesa de políticas públicas baseadas em evidências para a Educação, ela não estaria comprometida com a recuperação fiscal e da capacidade de investimento do Estado Brasileiro.
Pois é. Eu errei, errei feio, errei rude. Estou aqui para me desculpar e dar a mão à palmatória.
A atuação de Tabata Amaral durante as discussões e na votação da Reforma da Previdência, o principal e mais urgente item para reequilibrar as contas públicas, foi exemplar. A deputada demonstrou grandeza e compromisso com as futuras gerações, além de uma dose imensa de responsabilidade. Ao invés de buscar derrubar a proposta, como fizeram seus (ainda?) colegas de partido, Tabata buscou rever os pontos que achava injustos para poder votar a favor da reforma e defender sua aprovação.
A jovem política obteve êxito nas alterações que propôs. Uma verdadeira aula, não só de nova política, como de boa política: aquela na qual posições divergentes tentam caminhar para um consenso. Como não poderia deixar de ser diferente, a deputada defendeu a reforma publicamente e de fato votou a favor do novo texto, que ela mesmo ajudou a construir.
Enfrentou a fúria de lideranças antigas do seu partido e uma enxurrada de críticas e acusações infundadas nas redes sociais. Mesmo assim, manteve sua posição, ciente de que o voto pode lhe custar uma futura eleição ou reduzir as chances de sua carreira política decolar. O estadista é aquele que se preocupa com a próxima geração, e não com a próxima eleição. Tabata Amaral, com essa brilhante atuação, prova que é uma estadista.
Talvez a grandeza de Tabata não caiba nas caixinhas de “Ciros” e “Lupis”. Talvez, a capacidade de raciocinar seja muito complexa para pessoas que ainda acreditam no protecionismo como forma de desenvolvimento e pregam, veladamente, um calote na dívida pública. Para esses, nada resta a não ser o velho jogo político e a prática do “quanto pior, melhor” para tentar vencer a próxima eleição.
Esta é a hora do trigo se separar do joio. Hora de reafirmar liderança, convicção e grandeza. Trilhar o próprio caminho, longe das amarras que os velhos políticos tentam impor.