A greve que começou com os caminhoneiros tem um estopim: o preço do diesel que apresentou significativa alta recente por três motivos: 1) a Petrobras passou a adotar uma política de reajuste de preços em reais que leva em consideração o preço do barril do petróleo; 2) o barril do petróleo subiu de preço e; 3) o real se desvalorizou, o que torna o preço em reais ainda mais caro.
Dito isso, em teoria os caminhoneiros poderiam repassar o custo maior do diesel para o preço dos fretes. No final, quem pagaria pelo aumento dos combustíveis seria o consumidor de produtos transportados por caminhões a diesel. Normal.
Entretanto, esse repasse para os fretes não está ocorrendo por um motivo: excesso de oferta de fretes.
Já conhece o Curso de Microeconomia do Terraço? Clique aqui!
Ao longo do tempo, adotamos uma política de subsídios de crédito à compra de caminhões. O famoso Programa de Sustentação do Investimento (PSI) iniciado para combater os efeitos da crise de 2008 e que foi se estendendo, estendendo, estendendo…
Reparem no gráfico abaixo o valor mensal de desembolsos do BNDES para a aquisição de bens de transporte e o número de licenciamentos de caminhões produzidos no Brasil.
Fonte: BNDES e ANFAVEA.Quando a crise bateu e a demanda por fretes desabou, ficamos com muita oferta e pouca demanda. Assim, não há repasse de preço para o frete da alta de combustíveis e os caminhoneiros se rebelaram.
Mais uma lição econômica de incentivos de preços que não vamos aprender.
Leonardo Palhuca – Colaborador do Terraço Econômico