Cannibal Corpse: entre o bem e o mal na preferência do consumidor

Em dezembro de 2018, o seguinte artigo foi lançado: Por que a Katy Perry tem mais fãs que o Cannibal Corpse? O seu tema central era discutir alguns motivos — microeconômicos — de uma cantora pop ter mais fãs que uma banda de metal. No entanto, algo interessante deve ser observado. Essa banda em específico — o Cannibal Corpse — possui um número elevado de fãs, algo impressionante quando consideramos o nicho de mercado altamente restrito em que a banda atua (excluindo crianças, idosos, pessoas sensíveis ou religiosas e outros). Mas, como o Cannibal conseguiu angariar tantos fãs?

Essa pergunta torna-se difícil de ser respondida, dado que o som e todo o merchandising da banda gira em torno de sangue e tripas jorrando, necrofilia e a obsessão pela morte. Destaque também vai para o instrumental da banda, que se constitui de um mix de trítono macabro produzido pelas guitarras e uma linha de contra baixo pesada e agoniante. 

Enfim, saindo de tecnicalidades musicais e percorrendo sobre a superfície da microeconomia, poderíamos considerar que, em termos de preferência do consumidor, o Cannibal Corpse seria um bad (mal). Um bad é uma mercadoria que o consumidor não gosta, e o Cannibal representa uma reunião de coisas que tendem a causar repulsa e incômodo na maior parte dos indivíduos¹.

Numa representação gráfica, o Cannibal Corpse seria o Bem 1:

Créditos: Roberto Guena.

Assim, quanto mais Cannibal Corpse, menor seria a preferência do consumidor. Não obstante, parece que essa tendência de ser um bad não se mantém para um número razoável de indivíduos, dado que a banda conseguiu superar a marca de 2 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo. Para algumas pessoas, a banda seria um good (bem).

De alguma forma, devido em grande parte a aleatoriedade do comportamento do consumidor, o Cannibal Corpse conseguiu formar um nicho específico de fãs (consumidores). Esses fãs possuem preferências monotônicas para um conjunto de coisas que na média reduz a utilidade dos indivíduos. Por preferências monotônicas tem-se que quanto maior a quantidade do bem, maior é a satisfação do consumidor. Agora, o Bem 1 (Cannibal Corpse) seria um good:

Créditos: Roberto Guena.

Isso é uma pequena demonstração do quanto a preferência do consumidor é extremamente complexa de se mensurar. Até mesmo um evidente bad pode, a depender da preferência, ser um verdadeiro good. 

E no seu caso caro leitor, ouvir Cannibal Corpse aumenta ou reduz a sua satisfação?

¹Microeconomic Analysis, Third Edition, Hal R. Varian.

Lucas Adriano

Mestre em Economia e bacharel em Ciências Econômicas na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Vindo de Ponte Nova (MG), cruzeirense e fã de observar a abordagem econômica sendo utilizada nos mais diversos assuntos. Espera um dia poder dar a sua contribuição para a Ciência Econômica.

2 Comentários

  1. Cara! Que viagem! Hehe. Pra tudo(inclusive black metal) a consumidores. O negócio deles nunca vai chegar a billboard, porém eles são um dos melhores no que fazem r tornando-se referência no setor.

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