Para investir em criptomoedas é preciso entender de tecnologia?

A resposta é sim, e não. Ficou confuso? Podemos também dizer que, sim, é preciso saber um pouco, mas não profundamente. Vamos explicar porque.

Como já falamos aqui anteriormente, os riscos de um investimento podem ser ajustados de acordo com os objetivos particulares de cada um. E o bom investidor deve estar atento às oportunidades raras que aparecem quando surgem tecnologias que possibilitam projetos ou negócios disruptivos capazes de trazer inovações impossíveis ou inviáveis antes do seu surgimento.

Na década de 90, acompanhamos o nascimento da internet, e o enorme interesse que as empresas com plano de negócios baseados na rede despertaram. Vimos o surgimento de projetos inovadores e disruptivos, podendo citar os gigantes do setor:

  • Google fundado como empresa privada em 4 de setembro de 1998, hoje emprega mais de 118.899 pessoas e vale ~US$919,3 Bilhões;
  • Amazon fundada em julho de 1994, emprega hoje mais de 798 mil pessoas e vale ~US$1.233,4 Bilhões;
  • Facebook fundado um pouco mais tarde, em 4 de fevereiro de 2004, emprega hoje mais de 44.942 pessoas e vale ~US$583,7 Bilhões;

Poderíamos fazer a seguinte pergunta no final dos anos 90: Para investir nas empresas “.com” é preciso entender como a internet e seus protocolos funcionam?

Quase 30 anos depois, estamos vivendo o surgimento de inúmeros projetos baseados em uma nova tecnologia, o Blockchain. Como é dito por aí, a história não se repete, mas rima. E a pergunta volta a surgir. Para investir em criptoativos é preciso entender de blockchain?

A resposta para estas perguntas é a mesma, a chave está em entender a tecnologia o suficiente para conseguir compreender os novos modelos de geração de valor que ela propicia.

Veja abaixo o modelo criado por Joel Montenegro em 2016 (Artigo Fat Protocol), que apresenta de maneira muito simples e didática a diferença na criação e captura de valor entre o modelo de negócio que surgiu com a internet, e o que estamos testemunhando agora com a blockchain.

Modelo criado por Joel Montenegro em 2016 (Artigo Fat Protocol)

A internet produziu quantidades imensuráveis ​​de valor, mas a maior parte foi capturada e agregada novamente na camada de aplicação, principalmente na forma de dados (pense no Google, Facebook e Amazon).

Na blockchain ocorre o inverso, o valor concentra-se na camada de protocolo e apenas uma parte desse valor é distribuída na camada de aplicação.

Vemos isso muito claramente nas duas redes blockchain dominantes, Bitcoin e Ethereum. A rede Bitcoin tem uma capitalização de mercado de ~US$285 bilhões. Da mesma forma, o Ethereum tem uma capitalização de mercado ~US$51 bilhões.

Há duas coisas sobre a maioria dos protocolos baseados em blockchain que fazem isso acontecer: a primeira é a camada de dados compartilhada e a segunda é o token de “acesso” com algum valor especulativo.

Ao replicar e armazenar dados do usuário em uma rede aberta e descentralizada, em vez de aplicativos individuais controlando o acesso a silos distintos de informações, reduzimos as barreiras de entrada de novos participantes e criamos um ecossistema mais vibrante e competitivo de produtos e serviços. Como um exemplo concreto, veja o que está acontecendo no mundo DeFi (Finanças Descentralizadas) utilizando o protocolo Ethereum.

Mas uma rede aberta e uma camada de dados compartilhada por si só não são incentivos suficientes para promover a adoção da blockchain. O segundo componente, o token do protocolo que é usado para acessar o serviço prestado pela rede (transações no caso do Bitcoin, poder de computação no caso do Ethereum) cria este incentivo adicional.

Quando um token se valoriza, ele chama a atenção dos primeiros especuladores, desenvolvedores e empreendedores. Estes se tornam partes interessadas no próprio protocolo e são financeiramente comprometidos com o seu sucesso. Então, alguns desses primeiros usuários, talvez financiados em parte pelos lucros de entrar no mercado no início, criam produtos e serviços em torno do protocolo, reconhecendo que seu sucesso aumentaria ainda mais o valor de seus tokens. Então, alguns deles se tornam bem-sucedidos e trazem novos usuários para a rede, assim como Capital de Risco e outros tipos de investidores. Isso aumenta ainda mais o valor dos tokens, o que atrai mais atenção de mais empreendedores, que leva a mais aplicações e assim por diante.

Em resumo, para investir em criptomoedas, o importante é entender os princípios de funcionamento das blockchains a que elas se propõem, como geram valor e quais aplicações criam esta espiral positiva sobre as mesmas. Com isto em mente, conseguimos fazer as melhores escolhas de investimento no mundo dos criptoativos sem necessariamente sermos conhecedores da tecnologia blockchain em mais profundidade.

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Mayra Siqueira

PR & Content Manager Brazil na Binance
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