“Peace in our Time“. Frase de Neville Chamberlain (Primeiro Ministro Britânico, em 1939) sobre Adolf Hitler.
Chamberlain disse essa fatídica frase após assinar o Acordo de Munich, acordo que praticamente ignorava as recentes invasões da Alemanha Nazista no Leste Europeu, ignorando também a anexação da Áustria. Mesmo assim, Chamberlain seguiu com a ‘Política do Apaziguamento’.
Menos de um ano depois do acordo, a Alemanha invade a Polônia, demonstrando o fracasso da política de submissão. Isso obriga a Inglaterra a declarar guerra ao Terceiro Reich e, alguns meses depois, Chamberlain é substituído por Winston Churchill como Primeiro Ministro.
Sobre Chamberlain e a sua postura perante os nazistas, Churchill sabiamente afirmou:
“You were given the choice between war and dishonor. You chose dishonor and you will have war“.
Mas muitas vezes ignoramos o poder que as palavras possuem. Em nossa rotina, geralmente, ignoramos o que as nossas palavras podem causar em quem nos ouve. O quanto podem entristecer, alegrar, inflamar vontades nacionalistas ou chamar cidadãos à guerra e à defesa da liberdade.
Se em nosso cotidiano o modo como as palavras são empregadas é importante, torna-se inquestionável o quanto as palavras influenciam as nações. Relações internacionais e discursos políticos, muitas vezes, podem ser incrivelmente poderosos, tendo consequências inimagináveis.
Em seu magistral e talvez mais difícil discurso We Shall Fight on the Beaches, proferido em Junho de 1940, algumas semanas após a Queda da França perante os nazistas, Churchill tinha o dificílimo dever de descrever o desastre militar francês e alertar o povo britânico sobre a iminente tentativa de invasão pela Alemanha Nazista. Sem gerar quaisquer dúvidas sobre a futura vitória dos Aliados.
“Iremos até o fim. Lutaremos na França. Lutaremos nos mares e oceanos, lutaremos com confiança crescente e força crescente no ar, defenderemos nossa ilha, qualquer que seja o custo. Lutaremos nas praias, lutaremos nos terrenos de desembarque, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas; nunca nos renderemos (…)”. Trecho do discurso “We Shall Fight on the Beaches“.
Nos fronts de batalha da Segunda Guerra, além dos milhares de soldados que pereceram contra a tirania – defendendo a liberdade de suas nações -, estavam os discursos inteligentes e necessários de Churchill. Seja para proclamar barcos civis – para buscar quase 400 mil soldados britânicos e franceses encurralados pelos nazistas nas praias de Dunquerque -, seja para “escrever” a Carta do Atlântico e fazer uma aliança com os EUA frente às Potências do Eixo, ou seja fazendo um discurso de esperança e força para os britânicos e para o mundo após a Europa Continental cair para os nazistas.
Em A Verve e o Veneno de Winston Churchill de Dominique Enright, podemos encontrar um compilado de frases, trechos de discursos ou comentários de Churchill, desde suas análises mais profundas sobre política até a tiradas mais irônicas e engraçadas sobre seus colegas parlamentares ou situações que passou durante sua vida e nos cargos que teve.
Certa vez perguntado sobre os requisitos que um político deveria preencher, Churchill respondeu:
“A capacidade para prever o que vai acontecer amanhã, na próxima semana e no ano que vem. E a habilidade de explicar depois por que nada daquilo acorreu.”
Em diversos momentos na história, as palavras constituiram-se numa força poderosíssima contra inimigos atrozes, trouxeram esperança e fervor para diversos povos contra a tirania de seus algozes.
Numa entrevista coletiva concedida no Cairo em 1943, ele admitiu:
“Sempre evito profetizar com antecedência porque a melhor política é predizer depois que o evento já teve lugar.”
As palavras sempre tiveram o poder de começar guerras, evitá-las, trazer o caos, ou a prosperidade. Além de influenciar decisões, de desenvolver situações e de solucionar problemas que estão muito além do conhecimento teórico ou metodológico. Muitas situações podem ser resolvidas, apenas, pelo modo como lidamos com as palavras. Como concluiu Churchill:
“De todos os talentos concedidos aos homens, nenhum é tão precioso como a graça da oratória. Quem dela desfruta possui um poder mais duradouro do que o de um grande rei”.